quarta-feira, 30 de junho de 2010

O mundo ganha para a eternidade o Nob(r)e(l) escritor






















Fonte: guisalla.wordpress.com

O mundo ganha para a eternidade o Nob(r)e(l) escritor.
Ele já havia nascido em 16 de novembro de 1922. Agora renasce para a vida que contempla: nas páginas, nas palavras, na história. José de Sousa Saramago, escritor português, aos 87 anos, no dia 18 de junho de 2010, passa a morar em nossa lembrança, fora da caverna, no verbo.
Pontuar o homem que inventava a pontuação não me parece uma tarefa fácil. Mas também não pretendo finalizar elogios ou descrever unanimidades. A pretenção não cabe. Mas a admiração deve ser uma imagem, deve caber nos olhos daqueles que leem. Enfim, uso das (não) faltas da linguagem para despedir da carne do poeta e despir a sensibilidade de nós leitores. Acreditar é uma palavra.

Na ilha por vezes habitada

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-las não
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até os
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.



José Saramago

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Jogo de cintura

A boa noite bate as badaladas do relógio.
As mãos, que outrora levantavam juntas o grito verde e amarelo, agora voltam absurdas para seus braços, corpos e casas. O sentimento e a garganta são os olhos da nação. Do espelho. Da cama. Se a vitória vem com a noite e a veste das três letras positivas, dignas da saudação convencional, então o espelho é bom e a cama também. A gente quer descansar os olhos no ombro da pátria. A gente quer saber do samba de agora. O mesmo relógio marca a mesma hora todos os dias. Da copa da árvore, a sombra para descansar. Da bola, o jogo de cintura. Do campo, a maior de todas as batalhas. O juiz apita toda a consciência. Pegamos nossas mãos, as mesmas que tocaram a taça, fechamos o punho, calçamos a luva, e praticamos o esporte do lado de cá do espelho, a luta essencial da qual somos craques e nem sequer percebemos: a vida.
Para todos aqueles que sonham em vencer o mundo. E para mim, que almejo alcançar a próxima hora, uma boa noite. E que as três letras que, agora qualificam a escrita, hoje, ganhem outro sinônimo - gol.

Início do Inverno















Para todos aqueles que gostam do frio.

O palhaço


O palhaço na porta do meu quarto me olha com seu nariz.
Me sente com seus sapatos.
Me escuta com sua boca rasgada.
Não há nada além do vermelho.
Pungente, latente, latido.
Um grito corta a garganta e lança, no espaço, o pulso.
Do palhaço.
Da palhaçada.
Da pulhisse.
A navalha rasga a folha e estraçalha a poesia.

Iterativo aspecto

O verbo do dedo, na máquina, é o mundo.
O MUNDO grande.
Das infinitas possibilidades de dizer, de cor, em letra.
De cor o poeta escreve.
Nos espasmos,
nos espaços,
nos silêncios das teclas.
O MUNDO grande
tange o não bater de asas
e voa.

domingo, 27 de junho de 2010

Contínuo instante

Postar o mundo pelos olhos.
Para que ele possa unificar as experiências.
Para que seja possível descobrir o sentimento da água,
a voz da noite, a pele do vento.
A contemplação tem pés de puma.
Pede passagem para as mãos do artista,
para a pintura viva das palavras nos olhos do leitor.
Ávida vida que nasce nos olhos,
estenda sua mão em poesia,
estica, alarga, alonga as palavras,
para que a imagem sensível aconteça
e perdure no contínuo instante da vida.

Bem-vindo!

Bem-vindo ao Blog da Rafaella Rímoli.
Poemas, pensamentos, ideias, imagens.
Dividir sensibilidade multiplica extasia.
Beijos.