terça-feira, 14 de setembro de 2010

A cadeia alimentar

"Ele sabia que por vezes era preciso que coisas vivas fossem mortas para que outros vivessem." Rubem Alves

A cadeia alimentar prendia seus pensamentos. Eu, que só podia me fortalecer bebendo suas filosofias cíclicas, seus olhos grandes e redondos e a belíssima ruga desenhada em sua testa infantil, questionava toda a existência. Por que haveríamos de nascer se acabaríamos morrendo?

A relva nasce na terra, se alimenta de nutrientes e morre.
O boi nasce, se alimenta da relva na terra, que se alimenta dos nutrientes e morre.
O homem nasce, se alimenta do boi, que se alimenta da relva na terra, que se alimenta dos nutrientes e morre.
De tiro, de acidente, de doença. Já soube de quem morreu de tédio e até de amor.
O homem morto volta para a terra. A mesma da qual brota a relva, pasta o boi, pisa ou jaz o homem.

Costumava terminar sua odisséia mental falando sobre a liberdade. Devaneava sobre uma tal porta cuja chave dourada destrancaria sua linha de raciocínio. Depois, pegava o lápis, ía para a linha do caderno e escrevia o que mais me saciava:

"Nós ainda temos fome."

Sentença

"Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores e Deus amar-nos-á fazendo de nós belos como as árvores e os regatos" Alberto Caeiro

- Ser árvore não tem pé nem cabeça.
Logo que sentenciei, sorri. Sabia, mais do que nunca, que acabara de confirmar minha nova condição.
Estava feliz em ter ramos no lugar de braços, seiva ao invés de sangue, casca e folha e raiz. Gostava da minha nova condição vegetal. Viveria mais de 200 anos, teria muitos anéis, beberia na fonte, não pentearia os cabelos e minha sombra teria utilidade. Para que servem os pulmões quando se é árvore? Estava feliz em ter troncos no lugar de...
- Ser árvore não tem pé nem cabeça.
Logo que sentenciei, sorri. Sabia mais do que nunca, que acabara de confirmar o ciclo da vida.

Em defesa da leitura



Eu lia - ao mesmo tempo - as linhas de Rubem Alves com os olhos e, com as mãos descobria o texto tecido nas linhas de pano do meu sofá. Que experiência! Meus olhos viam o encaixe das letras da folha e de folha falavam. Em defesa das flores o poeta escrevia sua poesia. Em defesa da leitura eu passeava minhas mãos na trama de fios.

O primeiro e último (?) complexo

Meu irmão tem um amigo que, depois de algumas boas leituras, conversas e experiências, escreveu um texto interessante. De pensamento para pensamento, da mão para o lápis, do lápis para a folha. A partir daí não para mais. Uma ideia é feita de infinitas sementes. Incontáveis, como as estrelas do céu.
Do universo do amigo do meu irmão, para o meu universo e agora para o universo de vocês, aqui posto alguns trechos especiais.

"Qual será o segredo do universo? O homem, quanto mais avança nas pesquisas, mais descobre que existe, no fundo da mais específica descoberta um pedaço de sutileza."

"Pequena parte de um todo?"

"Acabo de constatar que o universo assume várias formas e leis, sendo assim, sua descoberta é humanamente inviável."

"Vivendo em busca de luz no cosmo e da existência de Deus no mundo, nós, sequer olhamos a nossa volta para perceber que Deuses somos nós e o amor é o segredo."

"Todo valor que, com suor conquistamos atropelando as pessoas, evapora, e nós acabamos por buscar as mesmas para nos acharmos novamente. E assim será."

Gnomo Fernando

Leituras do autor: Teoria Big Bang, Filosofia em Suma, A fórmula de Deus, Uma Breve História do Tempo, O Segredo da Ciência, Quem Somos Nós?, O Universo Holográfico, O Universo Numa Casca de Noz, Bíblia Sagrada, A Física da Alma, Pequenos Princípios para o ESpiritismo e A Arte da Guerra.