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(...)em artes plásticas, admira principalmente Picasso, Miró e Braque, e no cinema os cineastas-poetas da imagem Akira Kurosawa, Luís Buñuel e Federico Fellini. Inclusive, em um de seus poemas, Manoel demostra tal admiração citando Fellini em um de seus versos:
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Um dia me chamaram primitivo:
Eu tive um êxtase.
Igual a quando chamaram Fellini de palhaço:
E Fellini teve um êxtase.
(...)Em Manoel de Barros, a plasticidade do objeto está em primeiro plano - este objeto, no caso da poesia, é a palavra.
Manoel de Barros , como pintor-poeta, colore a tela-folha com combinações inesperadas de cores-palavras, e neste fazer artístico, pretende-as objetos novos, em um movimento de abertura a múltiplos olhares e realidades:
A gente sabia que a ema quase voa no correr.
Que a ema racha o vento no correr.
Eu tinha era vontade de rachar o vento no correr.
(...) Manoel 'monta' seus versos a partir das palavras, que são como peças pertencentes a uma colagem. Assim, o poeta sobrepõe, dobra, corta e cola as palavras quando as manuseia. Estes processos conferem ao poema sua materialidade.
A partir da construção desses versos, o leitor pode apreender imagens.
Imagem de Pablo Picasso.
Manoel de Barros, grande mestre.
ResponderExcluir"A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito." MdB
Também sou letrista no sentido de formada em Letras. :)