segunda-feira, 5 de julho de 2010

Página 14

Em 2009, para concluir o curso de Letras, realizei um trabalho sobre o poeta pantaneiro-universal Manoel de Barros. Aqui no blog colocarei, vez ou outra, alguns trechos, sem muita explicação, sem muita rima e, às vezes, sem muita vontade.

Página 14.


(...)em artes plásticas, admira principalmente Picasso, Miró e Braque, e no cinema os cineastas-poetas da imagem Akira Kurosawa, Luís Buñuel e Federico Fellini. Inclusive, em um de seus poemas, Manoel demostra tal admiração citando Fellini em um de seus versos:


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Um dia me chamaram primitivo:
Eu tive um êxtase.
Igual a quando chamaram Fellini de palhaço:
E Fellini teve um êxtase.

(...)Em Manoel de Barros, a plasticidade do objeto está em primeiro plano - este objeto, no caso da poesia, é a palavra.
Manoel de Barros , como pintor-poeta, colore a tela-folha com combinações inesperadas de cores-palavras, e neste fazer artístico, pretende-as objetos novos, em um movimento de abertura a múltiplos olhares e realidades:

A gente sabia que a ema quase voa no correr.
Que a ema racha o vento no correr.
Eu tinha era vontade de rachar o vento no correr.

(...) Manoel 'monta' seus versos a partir das palavras, que são como peças pertencentes a uma colagem. Assim, o poeta sobrepõe, dobra, corta e cola as palavras quando as manuseia. Estes processos conferem ao poema sua materialidade.
A partir da construção desses versos, o leitor pode apreender imagens.

Imagem de Pablo Picasso.

Um comentário:

  1. Manoel de Barros, grande mestre.

    "A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito." MdB

    Também sou letrista no sentido de formada em Letras. :)

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